No ano letivo 2021/2022 o desafio escolar Heróis da Fruta aumentou a ingestão diária de fruta e legumes em 16% das crianças que antes de participar não comiam estes alimentos na escola
Aumentar o consumo de frutas e legumes na infância é o principal objetivo da iniciativa escolar «Heróis da Fruta» lançada em 2011 pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) e que no ano letivo passado verificou um aumento de 15,8% de crianças a consumir fruta ou legumes diariamente na escola. Esta é uma das principais conclusões do estudo realizado em parceria com a equipa de investigadores do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) que analisou uma amostra de 16.970 crianças, entre os 2 e os 14 anos de idade, de 845 turmas de 433 estabelecimentos de ensino, no ano letivo 2021/2022.
O relatório completo do estudo publicado esta manhã já está disponível simultaneamente nos sites oficiais da APCOI (http://www.apcoi.pt) e do ISAMB (http://isamb.medicina.ulisboa.pt).
Em declarações à imprensa, Raquel Martins, nutricionista e investigadora do ISAMB/FMUL conclui que os dados sugerem uma relação entre a distribuição gratuita de fruta e legumes nas escolas e a maior adesão aos comportamentos alimentares saudáveis e indica que “neste estudo Évora foi um dos distritos com maior percentagem de turmas com acesso gratuito a frutas e legumes na escola e foi também o distrito em que se observou a maior redução de crianças a não consumir diariamente hortofrutícolas, após a participação no desafio escolar Heróis da Fruta. Além disso, Évora foi o distrito que registou a maior redução de lanches pouco saudáveis, no final da intervenção. Por outro lado, Bragança foi o segundo distrito a reportar ter menor acesso gratuito a fruta e legumes na escola e foi também o único distrito onde se registou um aumento de crianças a não consumir hortofrutícolas diariamente na escola, no final da intervenção”.
Diferenças entre distritos e regiões
Relativamente à distribuição gratuita de frutas e legumes na escola, quer através do Regime Europeu de Fruta Escolar ou de outro mecanismo de apoio local durante o ano letivo 2021/2022, a frequência de acesso a nível nacional das turmas inquiridas situava-se nos 60,5%.
Faro foi o distrito onde se verificou a maior percentagem de turmas com acesso a fruta distribuída gratuitamente na escola (92,9%), seguindo-se de Braga (83,0%), Santarém (78,1%), Évora (70,8%), Viseu (68,0%), Leiria (66,2%), Porto (61,5%), Beja (60%), Aveiro (59,4%), Coimbra (52,0%), Setúbal (50,7%), Castelo Branco e Vila Real ambos com 50%, Madeira (47,8%), Lisboa (47,7%), Guarda (44,4%), Açores (41,7%), Portalegre (35,7%), Bragança (20,0%) e Viana do Castelo (9,1%).
O estudo também observou as diferenças entre os vários distritos e regiões relativamente aos alunos que não comiam hortofrutícolas diariamente antes da participação no desafio escolar Heróis da Fruta e as conclusões são preocupantes: Vila Real (39,0%), Évora (38,2%) e Beja (34,1%) foram as regiões com maior percentagem de crianças a não consumir fruta ou legumes todos os dias na escola. Seguindo-se o distrito de Viseu (32,5%), Bragança (29,3%), Guarda (27%), Faro (25,1%), Açores (24,5%), Portalegre e Coimbra (ambos com 23,5%), Braga (21,6%), Leiria (21,0%), Setúbal (19,2%), Porto (19,1%), Castelo Branco (19%), Lisboa (18,9%), Aveiro (13,6%), Madeira (10,6%), Santarém (9,1%) e por fim Viana do Castelo (8,8%).
Desafio escolar Heróis da Fruta ajuda escolas a mudar hábitos dos alunos
A equipa de investigadores do ISAMB/FMUL analisou também os efeitos da implementação do desafio escolar Heróis da Fruta no ano letivo 2021/2022 nas alterações de hábitos alimentares dos alunos e concluiu que, globalmente, após a participação neste projeto, a percentagem de alunos que não consumia diariamente fruta ou legumes na escola diminuiu de 19,6% para 6,9%.
Em todos os distritos e regiões verificou-se também uma redução do consumo diário de lanches escolares pouco saudáveis após a implementação do projeto, à exceção da região da Madeira e do distrito de Portalegre. A região dos Açores foi a que registou a maior diminuição da ingestão de lanches escolares pouco saudáveis com uma percentagem de 88,1%. Seguindo-se o distrito de Coimbra (67,5%), Braga (67,1%), Évora (62,7%), Setúbal (60,4%), Leiria (57,9%), Vila Real (55,3%), Porto (54,7%), Santarém (51,4%), Aveiro (48,9%), Lisboa (47,3%), Viseu (44,7%), Faro (42,1%), Beja (40,5%), Castelo Branco (39,7%), Guarda (38%), Bragança (30,4%) e finalmente o distrito de Viana do Castelo (26,4%).
Mário Silva, presidente da APCOI, refere que “estes resultados comprovam uma vez mais os efeitos positivos do método Heróis da Fruta no combate à má nutrição através aumento do consumo escolar de frutas e legumes e da redução da ingestão de alimentos menos saudáveis nos lanches das crianças que participam nesta iniciativa, comportamentos importantes para a prevenção da obesidade infantil e de outras doenças crónicas como a diabetes”, sublinhando ainda que “desde 2011 já participaram no desafio escolar Heróis da Fruta mais de 580 mil alunos de todos os distritos e regiões de Portugal, mas a meta é chegar a todas as escolas e crianças em Portugal” e concluiu que “as inscrições para o ano letivo 2022/2023 já estão abertas para todas as turmas de pré-escolar e 1º ciclo de estabelecimentos públicos ou privados e podem ser feitas gratuitamente em www.heroisdafruta.com até 31 de dezembro de 2022”.
Sobre a APCOI
A Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) é uma associação sem fins lucrativos, fundada em 2010 por famílias preocupadas em prevenir a obesidade infantil, uma doença que afeta uma em cada três crianças e que aumenta o risco de desenvolver outras patologias como diabetes, hipertensão ou cancro.
Sobre o ISAMB
O Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) é um centro de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) dedicado à Saúde Ambiental em 5 áreas temáticas de estudo: Meio Ambiente, Saúde Familiar e Sociedade; Ambientes de Apoio; Ambiente e Doenças Não Transmissíveis; Ambiente e Doenças Infecciosas; Ecogenética e Saúde Humana, envolvendo competências de cerca de 150 membros.